sexta-feira, 1 de julho de 2011

Agulhas e Bordados


Seguindo em minha busca na internet sobre bordados com motivos pagãos percebi que são poucos os sites, blogs e afins que se dedicam a este aspecto da Arte.
Parece que o âmbito doméstico acaba por tornar invisíveis algumas das faces da Deusa, principalmente aquelas que exigem constante criatividade para que se construam novas formas de expansão do conhecimento e que permitam que a magia do cotidiano aconteça. A meu ver, é uma pena...

Outro dia estava numa livraria, naquela sessão básica de "esotéricos", quando fui abordada por uma jovem que me perguntou se eu era uma bruxa. Disse que sim. Ela me olhou de cima a baixo e apenas falou: "Ahhh, é que não parece." E se afastou. Não sei o que ela esperava... Talvez o fato de estar vestida com uma roupa "de trabalho" e segurando uma revista de bordado não tenha sido uma apresentação lá muito "adequada".
Mas enfim... Acredito que a palavra da vez é desconstrução.
E desconstruir envolve criticidade.

Acredito que, da mesma forma em que aprendemos a não aceitar como verdadeira a imagem da bruxa "hollywoodiana", é preciso ainda descontruir outros pré-conceitos.
A bruxaria realizada no âmbito doméstico, e que utiliza em suas práticas objetos e utensílios próprios deste ambiente, é muitas vezes relegada a uma categoria inferior, rechaçada. Alguns nem mesmo a consideram presente nos dias de hoje.

O fato é que as coisas simples não andam recebendo o seu merecido respeito e este aspecto da Arte acaba por ser esquecido. Voltar a estas raízes não significa se re-submeter às antigas leis das relações e do espaço doméstico, mas sim, reencontrar-se com práticas tão utilizadas no passado e que, pouco a pouco, perderam-se no caminho. Para mim, é espaço de veneração às mulheres que me antecederam...

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